
Por Redação Click Política - Mais uma ponta do novelo de supostos pagamentos de propina a cartolas do futebol sul-americano começou a ser destrinchada no julgamento do escândalo de corrupção da Fifa, que entra em sua terceira semana em Nova York.
Depois do depoimento bombástico do empresário argentino Alejandro Burzaco, ex-homem forte da empresa de marketing esportivo Torneos y Competencias, Santiago Peña, responsável pelas finanças da Full Play, outra empresa argentina, depôs sobre valores que teriam sido pagos a presidentes das federações com assento na Conmebol.
De acordo com Peña, US$ 15,3 milhões em propina foram pagos relativos à edição de 2015 da Copa América –US$ 3 milhões ao presidente da Conmebol, US$ 3 milhões ao chefe do futebol argentino, US$ 3 milhões ao representante brasileiro na confederação continental, US$ 6 milhões a cartolas de seis países (o chamado Grupo dos Seis) e US$ 300 mil ao então secretário-geral do órgão.
Peña não deu detalhes sobre qual cartola brasileiro teria recebido propina –na época, Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, ocupava o assento do Brasil na Conmebol, mas José Maria Marin, que agora está sendo julgado em Nova York, atuava como o chefe do futebol brasileiro.
“Os pagamentos eram relacionados a conseguir influência e lealdade dos presidentes”, afirmou Peña. “Eram pagamentos secretos, registrados numa planilha de Excel gravada num pen drive. Tudo isso ficava registrado como ‘cuentas’ e ‘pagos’.”
Essa planilha foi mostrada aos jurados na Corte de Justiça do Brooklyn em detalhe. Nela, cada cartola era identificado com suas iniciais.
Depois de maio de 2015, no entanto, quando a polícia prendeu sete dirigentes do futebol mundial em Zurique, revelando a investigação da Justiça americana, as iniciais foram trocadas por nomes de marcas de carro –Honda, por exemplo, era uma referência a Juan Ángel Napout, ex-chefe do futebol paraguaio e ex-presidente da Conmebol, e Fiat era Manuel Burga, ex-chefe do futebol peruano.
Nenhum brasileiro é citado no arquivo em questão.
O termo “Globo” aparece associado a um pagamento de US$ 5 milhões. Peña, no entanto, não entrou em detalhes sobre a natureza da transação, não especificou se o termo estaria relacionado à TV Globo e nem se o valor seria propina.
Burzaco, outra testemunha da acusação, havia mencionado a TV Globo em seu depoimento, dizendo ter negociado pagamento de propinas com Marcelo Campos Pinto, então executivo da emissora. (…)
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